Um grande terremoto de 7,6 na escala Richter atingiu a região central do Japão nesta segunda-feira. As autoridades chegaram a emitir alerta para o risco de tsunami, mas a previsão mudou ao longo do dia. Embora o abalo tenha sido um dos maiores desde o grande tremor de 2011 — que deixou mais de 20 mil mortos e provocou o desastre nuclear de Fukushima —, o planejamento do país para desastres é um dos mais avançados.
A análise é do italiano Piero Moscardini, gerente de desastres, ex-bombeiro e ex-membro da Defesa Civil, que no passado participou de 16 missões no exterior para enfrentar terremotos, inundações e tsunamis, incluindo o que ocorreu entre as Maldivas e o Sri Lanka em 2004.
— No Japão, há danos, mas eles conseguirão resistir ao impacto melhor do que em outros lugares: se existem casas de concreto armado construídas com critérios lógicos, o efeito devastador é limitado. O alerta foi oportuno e seguindo-o, as pessoas podem se salvar a uma certa distância — explicou em entrevista à agência de notícias italiana Ansa.
— Se houver prontidão e existirem casas bem construídas, os danos são limitados porque é como ter uma barreira natural. Além disso, o teste dos sistemas de alerta reduz o nível de risco e de perdas humanas. O tsunami que ocorreu no Sri Lanka, por outro lado, foi totalmente diferente — disse ainda.
A ameaça iminente mantém o país em constante estado de alerta. Em 2022, Tóquio destinou 15 trilhões de ienes para projetos de resistência a desastres naturais até 2040. A capital também revisa periodicamente seu plano de gerenciamento de desastres causados por terremotos
— É muito importante ter imaginação para se preparar para o maior número possível de cenários — disse Akihiko Hamanaka, diretor da divisão de prevenção de desastres do Governo Metropolitano de Tóquio. — Nenhum desastre de terremoto é igual, é tudo diferente, dependendo do epicentro, do tamanho e do clima no momento.
Após o terremoto de 2011, Tóquio redobrou seus esforços para tornar seus bairros à prova de fogo (uma das principais causas de morte por tremores), oferecendo subsídios e isenções fiscais para substituir estruturas antigas por versões novas resistentes a desastres.
— É muito importante ter imaginação para se preparar para o maior número possível de cenários — disse Akihiko Hamanaka, diretor da divisão de prevenção de desastres do Governo Metropolitano de Tóquio. — Nenhum desastre de terremoto é igual, é tudo diferente, dependendo do epicentro, do tamanho e do clima no momento.
Após o terremoto de 2011, Tóquio redobrou seus esforços para tornar seus bairros à prova de fogo (uma das principais causas de morte por tremores), oferecendo subsídios e isenções fiscais para substituir estruturas antigas por versões novas resistentes a desastres.
Os códigos de construção foram aprimorados à medida que pesquisadores e formuladores de políticas incorporaram novas tecnologias e métodos de engenharia para criar edifícios cada vez mais resistentes. As últimas grandes mudanças no código de construção foram feitas em 1981. Atualmente, o Japão conta com algumas das normas de construção mais rigorosas do mundo.
Os padrões para estruturas de madeira também foram reformulados em 2000, exigindo que os arquitetos levem em consideração aspectos como o número de paredes resistentes a terremotos com suportes. Também devem ser realizadas pesquisas de solo para garantir que a fundação do edifício seja adequada ao local.
Para garantir que as estradas permaneçam desobstruídas e acessíveis, Tóquio também está fortalecendo as estruturas que estão ao longo do caminho, exigindo que os proprietários de edifícios nos arredores informem a resiliência sísmica da estrutura e realizem reformas necessárias.
A capital japonesa também tem vários parques de prevenção de desastres, espaços públicos comuns que podem ser transformados em locais de evacuação com sistemas de geração de energia solar e tanques de água de emergência. O Tokyo Rinkai Disaster Prevention Park, na Baía de Tóquio, tem uma instalação de aprendizado sobre desastres, onde os visitantes podem usar tablets para aprender como sobreviver às primeiras 72 horas de um grande terremoto.
O Japão também desenvolveu um sistema de alerta líder mundial que dá às pessoas tempo para se prepararem para um abalo. Uma rede de sismógrafos foi instalada em todo o país, que detecta as ondas iniciais e calcula o tamanho potencial e o local do terremoto. Se detectar um tremor de determinado tamanho, são emitidos avisos para telefones, telas de TV, bem como para linhas de fábrica e trens, para que parem automaticamente antes que o segundo tremor ocorra. (Com Ansa e Bloomberg).
Fonte: O Globo