Uma das cartas mais importantes da Segurança Pública no Governo Lula será posta à mesa esta semana, em plena contagem regressiva para a posse do presidente eleito. O futuro ministro Flávio Dino deverá anunciar na quarta-feira, 20, o nome do próximo diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal.
Nos bastidores da transição, sete nomes surgiram como possíveis ocupantes do cargo. Um deles é Diego Joaquim de Moura Patriota, há 13 anos na instituição. Patriota começou a carreira patrulhando rodovias paraenses e atualmente comanda a Superintendência da PRF no Pará, depois de ter sido superintendente no Amazonas.
O conhecimento sobre a região amazônica é um dos trunfos de Diego Patriota para ser o escolhido. Flávio Dino já declarou mais de uma vez, em entrevistas recentes, que um dos seus objetivos à frente do Ministério da Justiça e Segurança Publica será retomar o protagonismo da PRF no patrulhamento da região amazônica. “A PRF vai ser chamada a participar e atuar na Amazônia muito fortemente”, afirmou.
Existem mais de 14 mil quilômetros de rodovias federais na Amazônia, as chamadas BRs. Para estas estradas convergem outros 25 mil quilômetros de malhas rodoviárias estaduais e municipais, somando 39.000 km de estradas oficiais. Mas, segundo levantamento do Imazon (Instituto do Homem e Meio ambiente da Amazônia), existem ainda quase 3 milhões de quilômetros de estradas não oficiais cortando a floresta.
A maioria dessas estradas não oficiais é usada como rota por traficantes de drogas, armas e madeira para alcançar as rodovias que ligam a região ao resto do país. A presença mais ostensiva da Polícia Rodoviária Federal nas estradas federais é fundamental para combater esses crimes, estabelecendo pontos estratégicos de fiscalização em rodovias importantes, como as BRs.
Em estradas como a BR-163, conhecida como Santarém-Cuiabá, que liga o Pará ao Mato Grosso. Ou a BR-230, a chamada Transamazônica, terceira maior rodovia do Brasil, que vai da região Nordeste ao extremo oeste da Amazônia, atravessando praticamente todo o território do Amazonas e do Pará. Ou anda a BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, cortando mais de 30 municípios na divisa dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia, uma das regiões onde mais cresce o desmatamento e se fortalece a presença do crime organizado.
Diego Patriota, que já comandou a PRF no Amazonas e hoje comanda a do Pará, já esteve na ponta da fiscalização de algumas dessas estradas, atuando como policial rodoviário, e também se tornou um especialista no planejamento estratégico, justamente durante sua atuação como gestor da Polícia Rodoviária na região amazônica, onde existem 31 rodovias federais.
Outro ponto a favor de Diego Patriota foi sua atuação equilibrada em eventos recentes que acabaram por macular a imagem positiva da Polícia Rodoviária Federal. Não se viu no Pará, cuja superintendência é chefiada por Patriota, nenhum episódio da suposta “operação padrão” nos dias de votação nas eleições deste ano. Nesse sentido, destaca-se o recebimento da Medalha do Mérito Eleitoral pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará, única superintendência que recebeu essa comenda em 2022.
Já no episódio dos bloqueios de rodovias federais por movimentos antidemocráticos, a PRF do Pará cumpriu sua missão com eficiência, tendo inclusive o Ministério Público Federal no Pará editado nota pública reconhecendo esse feito. A PRF do Pará chegou, inclusive, a identificar 35 lideranças dos bloqueios antidemocráticos, dando suporte ao MPF e PF no processo de responsabilização dos envolvidos, conforme observado na Operação 163LIVRE, conduzida pela Polícia Federal.
Além de Diego Patriota, estão no páreo para assumir a direção-geral da Polícia Rodoviária os nomes de Maria Alice, Fabrício Rosa, Edmar Camata, Alexandre Figueiredo, Paulo Sérgio e Antônio Fernando Souza.
Cabe agora ao futuro ministro Flávio Dino escolher qual desses sete representará melhor os planos do governo federal de colocar a PRF como uma ferramenta importante de comando e controle da Segurança Pública na Amazônia.
“A PRF foi desviada de sua missão”, afirmou Dino em entrevista à Globonews. O acerto na escolha do futuro diretor-geral é o primeiro passo para restaurar a credibilidade de uma instituição prestes a completar 100 anos e promover a modernização de sua gestão em todo o país.
Fonte: Diógenes Brandão